Ato com Dilma Roussef em Aracaju fortalece mobilização contra o golpe
"Ninguém vai tomar o que é nosso. Lutaremos"

"Ninguém vai tomar o que é nosso. Lutaremos". A música cantada por Nino Karvan expressa o sentimento de todos os artistas, sindicalistas, milhares de trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade que ocuparam a Pça General Valadão, em Aracaju, na tarde da última segunda-feira, dia 25/07, para receber a presidenta Dilma Roussef e gritar: Fora Temer! Fora Golpistas!
Em seu discurso, a presidenta Dilma Roussef elogiou a unidade dos movimentos sociais e agradeceu o apoio e carinho dos Advogados Pela Democracia, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, da juventude, das centrais sindicais, das mulheres, dos assistentes sociais e de todas as entidades do movimento social reunidas na Frente Sergipana Brasil Popular. “Eu queria abraçar cada um e cada uma de vocês. Abraçar o que comove meu coração: a solidariedade das mulheres, jovens, negros, índios, a solidariedade de toda população marginalizada do nosso País que entende que vivemos um tempo muito difícil no Brasil. Está em curso um golpe contra os interesses do povo brasileiro, não é um golpe qualquer, com armas e tanques na rua. Mas é um golpe que vem usando a mentira, a fraude, um não crime... Eles mesmos se confundem, não só a perícia do Senado me inocentou, mas me inocentou também o Ministério Público Federal. Para os golpistas, isso pouco importa, querem me afastar da Presidência para executar um programa de perda de direitos para o nosso povo. Um processo que em menos de dois meses está impondo um profundo retrocesso”.
A presidenta Dilma citou que sob a administração interina do golpista Michel Temer, conquistas importantes para a população brasileira já estão com o fim decretado, a exemplo do programa Mais Médicos, o Pronatec, o SAMU, o próprio SUS, o ensino público, o fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário e de Agricultura Familiar, o fim as Universidades Públicas e todo aparato de leis trabalhistas conquistadas em mais de 100 anos de luta. “O lema deste governo interino golpista é ‘nenhum direito em pé’”, afirmou. “Sem eleições, sem receber nenhum voto, querem impor ao País um programa de governo que não passou pelo crivo da população. Será que a população brasileira aprovaria um programa de governo que prevê redução de gastos com saúde e educação? Claro que não”.
A presidenta enfatizou que além da defesa de importantes conquistas, é fundamental a defesa da democracia que é crucial para o avanço de outras conquistas em benefício da população. “Os golpistas têm horror de serem chamados pelo nome que merecem. Na época da Ditadura Militar, acontecia uma coisa estranha, a gente estava preso, encarcerado, éramos jovens de 20, 25 anos... Sabe o que saia nos jornais? ‘Não há preso político no Brasil, não há tortura no Brasil’. É característico dos golpes, mentir sobre a realidade, e eles fazem um esforço para esconder que não há crime de responsabilidade, que este é o impeachment sem crime, porque o caráter antidemocrático, anti-estado de direito, anti-Constituição aparece. E eles têm o grande azar de termos na população um conjunto de cidadãos com visão critica, que sabe o que está acontecendo e usa de todos os meios, inclusive a internet, para denunciar o golpe”.
Dilma Roussef agradeceu o acolhimento do povo sergipano, citando a incrível força pessoal dos companheiros Marcelo Déda e José Eduardo Dutra. “Sistematicamente os golpistas queriam que eu renunciasse, porque aí eles deixavam de ter problema, pois eu sou a prova viva de que há um golpe no Brasil, eu sou a presidenta eleita por 54 milhões de votos, eu sou a presidenta que não tenho conta na Suíça, que não cometeu ato de corrupção, e eles toda vez que a coisa fica confusa, dizem: ela vai renunciar... É também uma afirmação machista, eles acham que as mulheres são frágeis... Depois de tudo que já aconteceu na história deste País, é uma temeridade achar que nós, mulheres, somos frágeis... Podemos ser gentis, sensíveis, não somos recatadas, mas nós temos posição, nós criamos nossos filhos, nós estudamos, nós trabalhamos, procuramos uma posição profissional, ajudamos nossas famílias, nossos maridos, irmãos, nós temos lado e o lado das mulheres brasileiras é o lado da justiça, é o lado dos direitos das pessoas, é o lado das crianças... Eu não vou deixar de lutar e eu me inspiro principalmente na mulher brasileira anônima. Aquela que luta todo dia, que cada um de nós conhece, porque cada um de nós teve mãe. Eu me inspiro também na coragem, na decência e solidariedade dos nossos companheiros, eu me inspiro na luta de vocês, e os golpistas podem esperar sentados, porque eu não desisto desta luta”.
JEFERSON DOS ANJOS – Em meio à atividade política, aconteceu uma tragédia: o flanelinha Jeferson dos Anjos subiu num poste da Praça, se pendurou em fios de alta tensão e caiu eletrocutado no chão, ele era atendido pelo Centro POP – Centro de Referência para Atendimento de População de Rua.(Confira Nota da Frente Sergipana Brasil Popular). Assessores da deputada Ana Lucia estão viabilizando enterro, sepultamento e tentando localizar a família do rapaz.
FORÇA POPULAR CONTRA O GOLPE – Presidente nacional do MST, João Pedro Stédile, falou sobre a importância da construção de uma greve geral em todo Brasil para mostrar a força de mobilização dos trabalhadores e fazer valer a voto de 54 milhões de brasileiros que elegeram a presidenta Dilma Roussef.
Representando a Frente Sergipana Brasil Popular, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), professor Rubens Marques, falou sobre a urgência de uma Reforma na Comunicação brasileira e da necessidade de uma governabilidade construída pelo povo nas ruas. “Não dá pra construir governabilidade com PMDB golpista, com PSDB golpista. Precisamos pressionar Valadares. Ele só se elegeu senador porque estava com Dilma, se ele não está mais, é preciso pressionar para saber como é que ele vai votar. A Frente Sergipana Brasil Popular refletiu e decidiu que não podemos aceitar a tese do plebiscito. Se a presidente Dilma foi eleita por mais de 54 milhões de votos, não vamos aceitar um plebiscito que a gente não sabe como será conduzido e em que vai dar. O povo sergipano continua na trincheira de luta. E assim que a presidenta Dilma voltar, ela tem que fazer um esforço concentrado pela Reforma da Comunicação. Não dá pra continuar com um partido político clandestino como a Rede Globo, que é um partido político sem registro no Supremo Tribunal Eleitoral. É preciso fazer uma Reforma Tributária para que os ricos deste País possam pagar imposto. Chega da classe trabalhadora sustentar este País. Aí então pode contar presidenta Dilma, que o povo de Sergipe não vai sair das ruas enquanto a democracia não for restaurada”.