Fortaleza reúne manifestantes em defesa da democracia
Capital cearense recebeu, na noite desta segunda-feira (11), protesto contra golpe

Após acordarem cedo para reforçar no aeroporto, às 4h30 da manhã, a luta contra a tentativa de as forças conservadoras retornarem ao poder, os cidadãos cearenses se reuniram nesta segunda-feira (11/4) a Praça da Gentilândia, no coração do Benfica. O bairro é historicamente ligado às grandes lutas populares em Fortaleza, à educação, ao pensamento e à liberdade, para dizer “não” ao golpe e “sim” à democracia.
Na rua, palco democrático e popular, o povo da Capital mais uma vez se uniu ao som da palavra de ordem que expressa uma certeza a ser construída por cada brasileiro, na defesa da democracia: “Não vai ter golpe”. Animada ao som do samba homônimo, com seu refrão para cantar junto, “Reage, reage, meu povo!”, do compositor Claudinho Lima na voz de Beth Carvalho, a manifestação contou com a participação de professores e estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC), representantes de movimentos sociais, sindicatos, centrais sindicais, associações, entidades comunitárias e de segmentos como médicos, juristas, psicólogos e artistas, além de parlamentares como os vereadores Deodato Ramalho, Guilherme Sampaio e Acrísio Sena, além do presidente estadual do PT, Francisco Diassis Diniz, de representantes do mandato do deputado federal Chico Lopes e de outros parlamentares da bancada cearense que votaram contra o impeachment, de partidos como PT e PCdoB
Também se juntaram à corrente não-ao-golpe integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Urbanos Organizados (Motu), Levante Popular da Juventude, Marcha Mundial das Mulheres, Comunicadores pela Democracia, Mulheres com Dilma, entre outros grupos. Todos reunidos na Frente Brasil Popular do Ceará, contra o golpe e pela democracia.
O ato público transmitiu, via telão, a manifestação realizada no Rio de Janeiro e que avançou noite adentro, com participação do ex-presidente Lula e de artistas e intelectuais como Chico Buarque, Tico Santa Cruz, Wagner Moura, Fernando Morais e Leonardo Boff.
“Não existe um motivo plausível para o impeachment da presidente (Dilma Rousseff). Simplesmente não aceitaram o resultado das urnas. Sinto vergonha de o nosso destino estar nas mãos de uma pessoa como (o presidente da Câmara dos Deputados) Eduardo Cunha. E isso independe de partidos políticos. O que está acontecendo no Brasil é um golpe” – opinou a professora aposentada do Departamento de Filosofia da UFC, Mirtes Amorim, também integrante do Movimento Democracia Participativa (MDP).
“É deprimente o que estão querendo fazer com o Brasil. Mas já não somos analfabetos políticos e movimentos como esse de hoje são prova disso. Pedi liberação do meu professor hoje para acompanhar daqui a transmissão do ato no Rio. Estamos todos fazendo nossa parte e fazendo parte da História”, disse o estudante do Ensino Médio Rudson Soares.
Mobilização não para
A ordem das atividades desta segunda-feira foi reforçar a mobilização e sensibilizar cada vez mais pessoas, principalmente neste dia em que mais uma vez ficou clara (agora, com vazamento de áudios do aplicativo WhatsApp) a manipulação empreendida pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) para tentar assumir o poder, desrespeitando os mais de 54 milhões de brasileiros que votaram em Dilma.
A agenda de manifestações contra o golpe continua em Fortaleza, com atividades diárias até domingo, data prevista, caso a Justiça não determine mudanças na agenda imposta pelo golpista presidente da Câmara Eduardo Cunha, para o final da votação da tentativa de impeachment.
No sábado (16/4), será iniciada uma vigília na Avenida da Universidade, a partir das 20 horas. A via será fechada do sinal do Instituto do Desenvolvimento do Trabalho (IDT) até a Praça da Bandeira e deverá se estender até o domingo (17/4), data prevista para o encerramento da votação do impeachment na Câmara dos Deputados. Haverá transmissão, por meio de telões, da sessão de votação.