"Luta de classes no Brasil só recomeçou", diz Stedile em Acampamento Nacional
Membro da coordenação nacional do MST falou durante plenária em BSB

João Pedro Stedile, membro da coordenação nacional do MST, falou sobre “A luta de classes no Brasil e o desafio da unidade” durante plenária do Acampamento Nacional pela Democracia e Contra o Golpe, em Brasília. O evento ocorreu na tarde desta sexta-feira, 15.
Em 40 minutos de fala, Stedile apontou as contradições do país e destacou que a crise política, econômica, social e ambiental que vivemos atualmente é fruto da crise do sistema capitalista mundial, que “está em crise na sua forma de exploração e dominação”.
Para Stedile, a burguesia brasileira quer sair da crise concentrando mais riquezas. “Eles querem a volta do neoliberalismo, eles não dizem publicamente, mas é o que está na agenda. A burguesia quer sair da crise concentrando mais riquezas, aumentando o lucro, e pra aumentar o lucro eles precisam tirar os direitos dos trabalhadores”.
O papel do financiamento empresarial de campanha nas eleições e seu reflexo na democracia representativa também foi um dos temas. “A democracia brasileira foi sequestrada pelas empresas capitalistas e que financiam apenas quem eles querem. O parlamento que taí, a maioria dos deputados foi eleita a preço de ouro pelo financiamento privado de campanha. Houve um sequestro do voto, houve um sequestro da democracia representativa e o povo não se reconhece mais no parlamento”.
Luta de Classes
Stedile foi enfático ao dizer que neste momento da conjuntura do país, a luta de classes está como um jogo de futebol. Do lado da direita, jogadores como o poder econômico, parlamentares, poder judiciário e a mídia. “A Rede Globo é a pior, porque é ela que coordena, ideologicamente, é a treinadora do time deles”. No time da esquerda, Stédile destacou que entre os jogadores estão o Governo Dilma “fez tanto gol contra que parte dos problemas que enfrentamos agora foi implantado por eles”, a sociedade organizada, a militância estão segurando o golpe e o terceiro jogador a classe trabalhadora, que ainda não foi às ruas. “Bem vindos à luta de classes, porque ela só recomeçou”.Impeachment
Na votação do impeachment que acontece no dia 18 de abril, Stedile reforçou que se for aprovado, o povo deve continuar unido, nas ruas e fez um apelo: “se o impeachment for pro Senado temos que fazer um dia de greve nacional nesse país para mostrar pra burguesia que quem produz a riqueza no país são os trabalhadores, só pra mostrar de onde vem a taxa de lucros deles”, finalizou.