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Militância do PSB contra o impeachment entrega carta aberta e abaixo-assinado a dirigentes do partido em Brasília

Grupo defende que deliberação fere estatutos da legenda

Com a clareza de que não há comprovação de crime de responsabilidade , militantes do PSB entregaram na tarde de hoje, uma petição pública com mais de 800 assinaturas da militância da legenda contrárias ao impeachment de Dilma Rousseff.

A ação contraria o posicionamento da executiva nacional do Partido Socialista Brasileiro, presidido por Cássio Siqueira e que se posicionou de forma favorável ao afastamento da presidenta, mostrando-se e disposto a fazer coalizão com o vice Michel Temer, caso Dilma seja deposta. Siqueira, que se declara socialista, durante as eleições de 2014, arregimentou apoio das lideranças do partido para o então candidato tucano Aécio Neves.

Mas não é sé o presidente do partido que possui posicionamentos questionáveis para um socialista. O secretário nacional de juventude da agremiação, Toni Secchi, também se declarou favorável ao impedimento.

Pela democracia

No site do partido, há um rico histórico sobre os objetivos definidos pelo PSB em sua refundação, em 1987. Vale a pena ler:

“Em Outubro de 1987, o PSB passa a ter identidade. É oposição ao governo Sarney, tem 10 metas imediatas que vão da reforma agrária à socialização dos setores essenciais, do ensino público e gratuito em todos os níveis ao direito irrestrito de greve, liberdade sindical e jornada máxima de 40 horas semanais”.

Definem: “Que socialismo queremos”.

“Socialismo é sinônimo de uma sociedade que aboliu a propriedade privada capitalista dos meios de produção, os quais passam a ser propriedade cooperativas ou coletivas dos criadores das riquezas, os trabalhadores”.

Apresentam: “ Que partido queremos”.

“É socialista, com compromisso revolucionário e democrático, com filiado militante, sem lideranças privilegiadas, enraizado no movimento social e sindical e atuação parlamentar como consequência da organização dos trabalhadores e todo o povo”.

Em o “PSB e o movimento social” tornam-se princípios:

“Respeito à independência e autonomia e às decisões de congressos das categorias
Formação de colegiados de deliberação
Recusa da prática do paralelismo
Estímulo à solidariedade entre os movimentos sociais”

A pergunta é: onde está o PSB de 1987?

Socialistas de verdade

A bancada de deputados federais do PSB possui hoje 31 deputados. Desses, pelo menos, 4 já declararam que são contrários ao afastamento da presidenta. Por isso, a militância do partido lançou no Facebook a página "Militância do PSB Contra o Golpe", que em seu primeiro dia de publicização, sem patrocínio, alcançou mais de 40 mil pessoas e obteve mais de 2 mil curtidas. A ideia foi colher apoios da militância do PSB indignada com a executiva do partido, que definiu sua posição sem consultar seus filiados.

A jovem Fernanda Rosas, que realizou a entrega das assinaturas e da carta aberta junto com outros militantes do partido, declarou "que essa ação também pode dar maior liberdade aos deputados que ainda nãoo se declararam contra o impeachment".

Segundo ela, é inadmissível que um partido político que possui uma história de luta e posicionamentos fortes, aceite o Golpe e critica os dirigentes do PSB: "diretrizes do partido, precisam de congresso", comentando a deliberação da executiva sem consultar os filiados.

O momento da entrega

Com a ausência do presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, os militantes foram recebidos por Mari Trindade, secretária especial do PSB e Toni Sechi, secretário nacional de juventude.

Enrico Grassi, um dos militantes presentes na entrega, foi bastante incisivo em sua fala: "ainda é tempo rever os posicionamentos e nada é mais caro para nós do que a democracia"

Mari Trindade foi indiferente ao recebimento dos documentos e quando questionada pelos Jornalistas Livres sobre a deliberação da executiva do partido, que contraria a legitimidade do estatuto do PSB, que no artigo 18 informa que, diretrizes partidárias devem ser deliberadas em congresso, ou seja, de forma democrática e com a decisão conjunta de filiados, a secretária disse que não ia dar entrevistas.

Se estivesse vivo, Miguel Arraes, referência política e de vida, líder do partido, que construiu forte oposição entre 90 e 92, ao governo Collor, ficaria tão indignado quanto a militância do PSB contra o Golpe. Arraes certamente não apoiaria o posicionamento do partido que era reconhecido como guardião da Constituição.