Sem Terra fazem atos em memória de Eldorado dos Carajás e em defesa da democracia
Contra impunidade e o Golpe, MST tranca diversas rodovias pelo país nesta sexta-feira (15)

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), junto com outros movimentos populares que compõem a Frente Brasil Popular, realizam nesta sexta-feira (15), a Jornada Nacional de Luta por Reforma Agrária e pela Democracia, com marchas, ocupações e fechamentos de rodovias.
Segundo informações da assessoria do Movimento Sem Terra (MST), Mais de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras rurais estão mobilizados nos bloqueios das rodovias estaduais e federais
A jornada de lutas relembra o Massacre de Eldorado dos Carajás, que completará 20 anos no próximo domingo (17), quando 21 sem-terras foram assassinados pela Polícia Militar do estado do Pará, no município de Eldorado dos Carajás.
Os trabalhadores rurais também protestam para denunciar e exigir justiça em relação às duas vítimas do Acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, região centro do Paraná. No último dia 7/04, a PM, junto com seguranças da empresa Araupel, atacaram o acampamento e mataram os acampados Vilmar Bordim, de 44 anos, e Leonir Orback, de 25 anos, além de deixar sete trabalhadores feridos.
Além disso, os movimentos também se mobilizam contra o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Locais
No Paraná, centenas de assentados e acampados da reforma agrária estão fechando rodovias estaduais e federais e abrindo pedágios. Já estão acontecendo mobilizações em Curitiba, Cascavel, São Miguel do Iguaçu, Londrina, Maringá, entre outros.
Na Paraíba, os trechos nos municípios de Teotônio Vilela, Junqueiro, Atalaia, Flexeiras e Joaquim Gomes, estão fechados, além dos bloqueios nas cidades de Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado, Piranhas, Girau do Ponciano, Cajueiro, Novo Lino, União dos Palmares, Murici, Campo Alegre, Maragogi, Matriz do Camaragibe, São Luiz do Quitunde e em Porto Calvo.
Em São Paulo, cerca de 150 sem-terra organizados pelo MST bloqueiam a Rodovia Anhanhaguera, no km 313, em Ribeirão Preto. Diversas organizações que compõem a Frente Brasil Popular também participam da ação.
Cerca de 200 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento Sem Teto do Brasil (MSTB) fecham a BR-050 na altura de Uberlândia, em ação da Jornada Nacional do Abril Vermelho.
As BR 316 e 343 foram trancadas no Piauí. Desde às 8h, cerca de 300 sem-terra trancam a Rodovia Presidente Dutra, na altura de Piraí (RJ).
Os sem-terra do estado de Sergipe trancaram cinco pontos nas rodovias do estado. Foram três trechos na BR 10, na entrada da cidade de Cristinápolis, trevo de Pedra Branca, no município de Laranjeiras, e no Povoado Cruz da Donzela, localizado no município de Malha dos Bois. Os outros dois pontos foram em rodovias estaduais, no município de Simão Dias e no trevo de Vaca Serrada, no alto Sertão sergipano.
Impunidade e golpe
José Roberto Silva, da direção nacional do MST, explica que a ação relembra os 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás.
“Nossa luta hoje é em memória aos 20 anos de impunidade do assassinato dos trabalhadores rurais Sem Terra em Eldorado dos Carajás, no Pará. Essa impunidade reaviva cada vez mais a violência no campo que está presente em todas as nossas regiões, onde o agronegócio continua matando e massacrando Sem Terra”, disse.
Além do massacre de Eldorado dos Carajás, José Roberto lembra do recente assassinato de dois trabalhadores Sem Terra no Paraná, onde a violência do latifúndio e do agronegócio fez duas vítimas fatais. No último dia 7, as famílias do MST que estavam no Acampamento Dom Tomas Balduíno, em Quedas do Iguaçu, região central do Paraná, foram vítimas de uma emboscada realizada pela Policia Militar do Estado e por seguranças contratados pela empresa Araupel.
“Estas ações demonstram uma reação do agronegócio, nesse último período também tivemos ataques de pistoleiros em Rondônia e na Paraíba. Nossa ação é para mais uma vez reforçar nossa disposição de seguir em luta, na memória dos companheiros tombados e na certeza de que é preciso garantir vida digna, com a distribuição de terra e de riqueza, para o povo pobre desse país”, afirmou José Roberto.
Durante o bloqueio das rodovias, os Sem Terra também fazem a defesa da democracia e posicionam-se contra o golpe. Para Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST, a relação entre o grupo que conduz o golpe dentro do parlamento e os que conduzem golpes aos trabalhadores e trabalhadoras rurais é direto.