Ainda sob o impacto da grande mobilização ocorrida em todo o país nas jornadas de 8 de março e especialmente na de 15 de março, reuniram-se representantes de todas as centrais sindicais em 27 de março, na sede da UGT em São Paulo, para discutir a continuidade da luta contra o desmonte da Previdência e da legislação trabalhista promovido pelo governo Temer.
A delegação da CUT propôs uma greve geral de 24 horas em 28 de abril, a mesma posição expressa pela CTB, Intersindical, Conlutas, Nova Central e CGTB. Já a representação da Força Sindical disse que só poderia endossar a data como “dia de lutas e paralisações”, sendo seguida pela da CSB, mesmo depois que a da UGT havia aceito, apesar de falar em dificuldades em sua base comerciária, chamar a greve geral.
Por fim foi acordada uma formulação comum: “Em 28 de abril vamos parar o Brasil: contra a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e a terceirização na atividade-fim”, a qual preserva a autonomia das centrais que, como a CUT, convocam greve geral nessa data.
Esse resultado só foi possível devido à pressão das bases sobre os dirigentes, inclusive sobre aqueles da Força Sindical (pois não são todos) que apoiam o governo golpista.
Direção da CUT referenda Greve Geral
Em 29 de março, reunida em Brasília, a direção nacional da CUT referendou o 28 de abril como greve geral e adotou um plano para garantir a mais ampla paralisação do trabalho em todos os setores.
A resolução adotada propõe ampliar a preparação da greve geral junto aos setores populares e democráticos – como os representados na Frente Brasil Popular, que na sua plenária nacional de 20 de março já havia abraçado a proposta de greve geral ao final de abril, cuja data seria acordada pelas centrais sindicais - integrando o “Fora Temer” à exigência da retirada da PEC 287 (Previdência) e do PL 6787 (“reforma” trabalhista), bem como a revogação da Lei 4302 (terceirização), que seria sancionada por Temer em 31 de março.
As grandes manifestações de 31 de março indicam que o 28 de abril tem tudo para ser uma grande greve geral, tal como indica a resolução da direção da CUT:
“Vamos parar o país no dia 28 de abril, mandando mais uma vez nosso recado para a quadrilha que tomou o poder através do golpe e para sua base de parlamentares corruptos no Congresso: NENHUM DIREITO A MENOS! A greve geral será um passo decisivo na luta que continuaremos a travar, sem trégua, para derrotar o governo golpista.
Transformaremos abril num mês de lutas. Sairemos às ruas, como fizemos nos dias 8 e 15 de março, para denunciar e repudiar a reforma da Previdência, que pretende acabar com a previdência pública no Brasil (...) para denunciar e repudiar a reforma Trabalhista, que rasga a CLT e gera o trabalho precário (...) para repudiar o PL 4302, recentemente aprovado na Câmara dos Deputados numa manobra espúria do presidente da casa, Rodrigo Maia, que fragiliza a organização sindical e permite a terceirização na atividade fim...”
Orientações e calendário da CUT
Contando com a participação ativa da Frente Brasil Popular, mas também da Frente Povo sem Medo e de entidades como a CNBB (que se posicionou contra o desmonte da Previdência da PEC 287), a CUT adotou um plano de preparação da greve geral de 28 de abril, com a consciência de que a imposição de uma derrota, a partir da luta de classes, ao governo Temer na questão da Previdência e dos ataques aos direitos trabalhistas, colocará a sua própria continuidade em questão, abrindo assim a via para uma saída democrática para a crise em que está mergulhado o Brasil, com eleições diretas e Constituinte para fazer as reformas populares necessárias. Abaixo trechos do plano adotado pela DN CUT:
“O movimento sindical deverá realizar plenárias dos ramos, plenárias estaduais e regionais com o objetivo de organizar o comando de greve e de traçar o plano de lutas a ser desenvolvido pelas Estaduais da CUT, pelos Ramos e pelos sindicatos rumo à greve geral.
Esse processo deve chegar aos locais de trabalho, através de assembleias nas fábricas, escolas, agências bancárias, estabelecimentos comerciais, postos de saúde, hospitais, comunidades de agricultores familiares, grandes propriedades que concentram grande número de assalariados rurais...
A CUT fará um trabalho articulado com as demais centrais sindicais comprometidas com a realização da greve geral. Ao comando de greve – nacional, estadual e regional – caberá o trabalho de agitação e propaganda, a mobilização, organizar a paralisação nos setores estratégicos, (...) fazendo parar o maior número possível de trabalhadores/as nos locais de trabalho no dia 28 de abril...
Comitês municipais para combater a reforma da Previdência e a reforma Trabalhista (devem) continuar a pressão nas bases eleitorais dos parlamentares que apoiam o governo Temer, denunciando-os como inimigos dos/as trabalhadores/as (...) e desenvolver ações nos bairros populares: panfletagem, conversas e debates nas associações de bairro, nas feiras, nas comunidades eclesiais de base, nas praças...
1º de maio – Ato nas capitais e nas cidades do interior
Realização de atos massivos em comemoração ao Dia Internacional do Trabalhador (...) este ano estaremos comemorando, no dia 1º de Maio, os cem anos da greve geral que paralisou a cidade de São Paulo em 1917 e também o centenário da Revolução Russa. (...) a CUT definiu como mote das nossas manifestações: ‘100 ANOS DEPOIS: A LUTA CONTINUA. NENHUM DIREITO A MENOS’.”
A hora é agora: toda a força na Greve Geral de 28 de abril!